sexta-feira, 20 de junho de 2008

Opniões: Debate entre as chapas que pleiteiam a reitoria da UFSCar

1.
Como grande parte dos estudantes já devem saber, dia 18/06 acontecerá a consulta à comunidade da UFSCar. Trata-se de uma consulta, pois legalmente o Conselho Universitário é o responsável pela indicação dos nomes aos cargos de reitor e vice-reitor, porém um acordo firmado internamente nesta instituição garante que o nome indicado pela comunidade seja acatado pelo Conselho.
Esta consulta definirá qual chapa assumirá a reitoria nos próximos quatro anos. Neste ano temos duas chapas concorrendo. Assim, é de fundamental importância conhecer ambas as propostas para que uma escolha consciente seja realizada.
O debate que aconteceu aqui em Sorocaba no dia 04/06 evidenciou a diferença entre a postura de cada chapa, revelando desta forma quem estava realmente preocupado com o nosso campus. Pode-se verificar, na construção do material de propostas da chapa 1, que houve a participação de funcionários, discentes e docentes, não só do nosso campus como dos demais. Já a chapa 2, embora conste na capa do seu material a palavra “colaboração”, esta não aconteceu na sua construção, e a justificativa dada foi a falta de tempo hábil para esta consulta, o que julgamos falso, pois ninguém decide participar de uma disputa repentinamente, ainda mais tratando-se de cargos tão importantes numa universidade.
Acreditamos que antes das inscrições das chapas estes já pretendiam pleitear a sucessão. O que acreditamos ser o principal ponto da chapa 1 é a sua ênfase em compromisso social. Devemos ressaltar que este não é um compromisso qualquer, mas sim um compromisso embutido na indissociabilidade do tripé ensino-pesquisa-extensão, ou seja, garantindo que todo o conhecimento produzido em qualquer um destes pólos deve ser devolvido à sociedade, uma vez que esta é a mantenedora da instituição e a grande maioria da população não tem acesso, tornando essa obrigação ainda maior. O que não foi citado em nenhum momento pela chapa 2.
Um último aspecto, não menos importante, é a democracia dentro da instituição (paridade de votos). Quando perguntado às chapas se eram favoráveis, a chapa 2 esquivou-se e apenas disse como este direito é mal utilizado pelos estudantes. Portanto, para bom entendedor isto significa que, ao assumir, esta paridade conquistada corre o risco de não mais existir.

Maria José Blondel Enrione e Débora dos Santos Mota são discentes do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e participantes do conselho para sucessão da reitoria da UFSCar


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2.
Nada como o bom e velho debate para entendermos e considerarmos os discursos proferidos por cada chapa, no entanto, aqui faço meu protesto pela forma que a última discussão foi organizada, de forma que as perguntas eram previamente construídas, inibindo, assim, qualquer manifestação durante a conversa entre os que pleiteiam a reitoria da universidade com toda a comunidade da UFSCar campus Sorocaba.
De um lado um grupo (chapa 1) com um discurso quase assistencialista, carregado de promessas e idealizações, que até podem ser executadas futuramente, apontando a todo momento o trabalho da universidade associado ao compromisso social, salientando a importância de uma universidade pública para todos e de projetos de ações afirmativas. Diante disso, devemos compreender que o ensino superior só vem completar um histórico de educação constituído desde o ensino fundamental, e que a universidade não pode se apropriar de responsabilidades do Estado, maquiando a desestruturação do ensino público e tomando como sua principal obrigação a inclusão social. Embora, seja lógico, que a universidade deva se preocupar com essas questões, transformando-se num espaço que abrigue a diversidade étnica, cultural, de classes e assim por diante. Pois só assim alcançará a excelência.
Do outro lado, uma equipe (chapa2) que mal se articulava, não respondia de fato às perguntas encaminhadas e que ao final, vergonhosamente, pronuncia em sua fala uma perspectiva de fracasso, pelo menos no que diz respeito ao campus de Sorocaba. Colocando como “slogan” de sua proposta Renovação Já, mas em momento algum falou das mudanças a serem realizadas. Apontava somente, como em outro encontro anteriormente ocorrido, o interesse em desenvolver pesquisas, até mesmo através de parcerias com a iniciativa privada, dessa forma, proferindo um discurso voltado aos interesses próprio. Ora, como um grupo se propõe a organizar, renovar e administrar o sistema universitário da UFSCar, se nem ao menos coloca objetivos claros que contemplem todas as responsabilidades de uma universidade? Certamente apoiada apenas nas pesquisas científicas, ficará limitada aos interesses pessoais de uma minoria.
Sendo assim, na minha opinião, mais vale uma equipe sonhadora que possa vir a ser cobrada no futuro sobre suas responsabilidades e obrigações, do que um grupo distante que só enxerga os interesses próprio. Convém ressaltar que essa é uma leitura pessoal de tudo que fora exposto. Cada um deve tirar suas próprias conclusões. Essas foram as minhas até presente momento.
Fábio Ortolano é discente do curso de Turismo e participante do conselho para sucessão da reitoria da UFSCar.

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Convém informar que não encontramos alguém, do campus Sorocaba, que se declarasse a favor da chapa 2, para que colocássemos sua opinião nesse boletim. No entanto, nos comprometemos a publicar, caso apareça, um posicionamento a favor de tal chapa. E agradecemos os discentes e docentes que contribuíram com a publicação dessa edição extraordinária. Informamos também que a partir da próxima edição o boletim passará a fazer parte, como coluna, do jornal O Caso.