quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Ora, que democracia?

Como se não bastasse a disparidade de poder no atendimento de interesses dentro das universidades públicas, espaços dito democráticos, o corpo hegemônico ainda tenta nos excluir das principais decisões.

“O sistema democrático prevê uma doutrina e regime político baseado nos princípios da soberania popular”.O sistema democrático prevê uma doutrina e regime político baseado nos princípios da soberania popular. Assim, buscando atender às demandas de sua comunidade, os gestores públicos deveriam não apenas consultá-la, mas fazer com que a mesma fosse participativa nas suas decisões.
Essa comunidade, co-autora das ações, efetivaria e legitimaria um sistema democrático, público e não privado. O que na prática não é visto.
Na última reunião do CONCAM (conselho de campus) da UFSCar Sorocaba, ocorrida em 26 de agosto, foi decidido que discentes e técnicos administrativos não participariam da votação para escolha de proposta para estrutura departamental – acima de tudo política - do campus. No mínimo engraçado, afinal aproximadamente 60% do conselho é composto por docentes, os quais decidiram que somente seus pares poderiam votar por tal sentença.
Haveria uma justificativa, de que o tempo de permanência e vivência profissional dentro das universidades de um docente seja maior, ao passo que um discente teria uma participação passageira. Contudo, essa idéia não se aplicaria aos técnicos administrativos, os quais também poderiam estar durante anos nessas instituições de ensino, bem como ao corpo discente cuja formação é uma prioridade dos departamentos de toda universidade.
O que poderia validar tal decisão? Qual é o medo? A meu ver, seria o interesse político de um dos segmentos acadêmicos se impondo à participação da comunidade na discussão a respeito do tema – a estrutura do campus. Se desde o início todos tivessem sido convidados a participar dos debates e construção das propostas, e que tivessem se negado a contribuir, aí sim, o argumento seria legítimo. Ação essa que no caso não se aplica.
Protesto pela legitimidade de representação no sistema democrático e pelos interesses públicos que devem orientar a construção de uma universidade pública. Esta não é uma universidade privada. Solicito o cumprimento dos princípios e propostas assumidas nas últimas eleições para reitoria – “Universidade promotora de valores democráticos e de cidadania” e “Gestão democrática, participativa e transparente”. Reclamo em nome da vergonha de estar num campus em que a hegemonia de poder, por hora, se sobrepõe aos interesses da universidade pública.


Fábio Ortolano é presidente do Diretório Acadêmico e representante discente junto ao CONCAM (Conselho do Campus).

Transparência Pública

No dia 1 de setembro foi encaminhada uma solicitação para a direção e coordenação administrativa do campus Sorocaba exigindo uma cópia detalhada das contas da UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS especificando o orçamento e criteriosa destinação do mesmo.
Tal documento terá grande importância embasando as discussões que poderão advir decorrente às solicitações e demandas dos discentes em assuntos concernentes ao dinheiro público. Um exemplo claro da utilidade desse documento é a atual situação do RU noturno.
A transparência financeira e política por parte da administração é um direito nosso e, portanto, devemos cobrá-la. O que nos falta é realmente sermos participativos, lembrando que quando não ocupamos o espaço democrático cedido a nós, outros o ocupam e exercem de sua forma a democracia que acreditam ser “melhor” para todos. É o que aconteceu na ultima reunião do CONCAM.
Colegas conscientizem-se de sua vida universitária. A universidade está em constante mudança e as decisões mais importantes estão ocorrendo sem o consentimento e conhecimento de vocês.
Este documento também pertence a vocês. Fiquem à vontade para consultá-lo e participar das discussões e reuniões do Diretório Acadêmico.

Jean Casuccio é vice-diretor de comunicação do Diretório Acadêmico e representante discente junto ao CONCAM (Conselho do Campus).

Um Chamado aos discentes

Este não é apenas um texto salientando a importância da militância estudantil, é um convite, um chamado aos discentes para se envolverem mais, participarem mais e construírem um espaço de atuação dentro dos espaços da universidade. Clamamos por democracia, reclamamos nossos direitos, mas o quanto estamos envolvidos e inseridos dentro desse possível espaço democrático?
Qual é a participação da base na construção desse sistema?Todas as ações que acompanhamos comprovam o quão limitada e fraca é a nossa voz dentro do campus, o que, muitas vezes, é culpa de nós mesmos. O que estamos fazendo para reverter e mudar as coisas que não aceitamos dentro do espaço acadêmico-universitário? O quanto estamos participando de fato da universidade? Para alguns a universidade é “um universo de possibilidades”. Será? Será que o que vivenciamos na UFSCar campus Sorocaba pode ser chamado de universo de possibilidades? Quais são as possibilidades de atuação que vislumbramos nesse espaço?
Quão democrático é o cenário político no qual estamos inseridos? Qual é a participação da base na construção desse sistema? A democracia não é feita apenas com a voz de uma minoria, tão pouco de uma ditadura da maioria. Ela requer uma legitimidade, conferida apenas quando todos atores de uma comunidade são representados. Devemos ser catalisadores e responsáveis pelas mudanças que queremos ver a nossa volta.
Este é um chamado aos colegas discentes para se envolverem mais com pautas coletivas e de interesses comum a todo campus e aqueles que buscarem um maior espaço de atuação dentro da universidade. E um caminho para tanto, é a participação em conselhos universitários, como conselho do campus, de graduação, pesquisa, extensão, entre outros. Temos a escolha e as possibilidades de defendermos um cenário melhor, basta darmos os primeiros passos.

Gabriella Poles é representante discente suplente junto ao CONCAM (Conselho do Campus).