sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Escola


Iniciei meus estudos no ano de 1992 na rede pública de ensino. Bons tempos aqueles,de feira de ciência, grêmio estudantil, festas da pizza, junina, etc. Passei oito anos da minha vida na Escola Estadual Profª Maria José de Mattos Gobbo, e lá conheci grandes homens e mulheres.

Lembro-me, com saudades e satisfação, de uma comemoração do dia das bruxas na qual minha classe ganhou o prêmio de melhor destaque na festa. Não me orgulho somente dos créditos, mas da cooperação e do comprometimento que houve por parte dos alunos. Contudo, recordar algumas coisas, por hora, pode nos deixar tristes. Certo dia eu estava descendo a escada que dava para as salas de baixo e me dei conta de quanto à escola havia mudado. Foi uma sensação horrível. Me senti roubado, injustiçado, desprotegido e impotente. Eu era muito novo e não entendia os motivos de tanta decadência. Acreditava apenas que os grandes responsáveis eram políticos injustos.

Não tinham mais aquelas festas, os grêmios mal se formavam e não tinha motivos para a biblioteca se não havia incentivos à leitura e mal se falava de literatura nas aulas de português. A única coisa que lembro é de um trabalho que fiz sobre arcadismo. Só! E a inclusão digital? Não sei se dou risada ou choro. Sei que só pude tocar no computador de lá duas vezes. Na verdade, as únicas pessoas que utilizavam os computadores eram funcionários da escola. Irônico não é? Estes certamente tinham acesso a essas tecnologias. Não os culpo, afinal, são também vítimas de um sistema de educação quase falido.

Nos últimos anos que estudei naquela escola, já freqüentava outra instituição de ensino privado, entretanto, não queria deixar a minha “velha” escola, na qual eu havia passado boa parte da minha infância e adolescência. Lá estive por mais um ano e meio.

Hoje, novamente em uma instituição de ensino público, orgulho-me da minha antiga escola e acredito que devo a ela grande parte de minha determinação. Agora, enquanto um adulto, minha visão é outra. O problema vai muito além da corrupção ou da falta de interesse de nossas autoridades. Todos nós temos uma parcela de culpa quando nos mantemos alienados e indiferentes com o que é público.

E quando me perguntam como era estudar em uma escola pública, embora eu fale de suas deficiências, falo também de suas qualidades. E faço isso dentro das minhas possibilidades de observação, do que considero importante para uma instituição de ensino público, pertencente a todos os cidadãos, pois para mim serão as festas culturais, as feiras de ciência e os grêmios estudantis que farão do estudante um ser pensante, consciente e responsável por toda esfera social.



Fábio Ortolano